Mais de 2,5 mil avoantes apreendidas em um fim de semana. O saldo de uma operação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e da Polícia Militar reflete uma realidade ainda evidente no Ceará: a ave continua fazendo parte da cultura e da culinária de muitos cearenses - ainda que de forma clandestina.
Ave característica no Ceará, historicamente, a avoante foi inserida na cultura local como uma carne comum. A caça do animal, no entanto, é ilegal - assim como o consumo. Estão previstas punições a caçadores de até três anos de reclusão, além de outras penas, mas frequentemente os órgãos ambientais e a PM seguem flagrando a caça no Interior.
Na última operação do Ibama e da PM, no Sertão de Canindé e na Zona Norte, foram apreendidas mais de 2,5 mil aves em Canidé, Caridade e Irauçuba.
Ações como esta tornaram-se constantes nos últimos meses - período principal de reprodução da ave.
O fato não acontece somente em pequenos municípios do Interior. Em Sobral, por exemplo, não é difícil encontrar a iguaria sendo oferecida em distritos ou localidades afastadas do Centro. Quando a caça é permitida:
De acordo com a Lei de Crimes Ambientais, não é crime o abate de animal desde que feito somente para saciar naquele momento a fome de um ser humano e da sua família. Mas a realidade das operações do Ibama é bem diferente. Fábio Bandeira aponta que a maioria dos caçadores presos em fiscalizações estão com grandes quantidades de aves mortas.
"Os caçadores presos nas operações realizadas estão com todo aparato para a caça. Eles são encontrados com armas, redes de caça, carros e motos usados no transporte da ave abatida", pontua Fábio. A avoante, cujo nome científico é Zenaida auriculata, tem como principais pontos de reprodução municípios como Aiuaba, Tauá, Pedra Branca e Boa Viagem.
F - DN Regional