A região tem 2.136 propriedades e um rebanho de 75.680 cabeças bovinas. O município com maior número de bovinos é Itabaiana, com 11.871 animais e 251 criadores cadastrados e acompanhados pela Emater Paraíba. Itatuba é o segundo município a se destacar, com 232 criadores, rebanho de 10.523 animais (sendo 2.124 matrizes), e produção mensal de 200 mil litros no período do inverno.
O agricultor familiar José Martins de Vasconcelos, dono da Fazenda Sipaúba, de 61 hectares, em Itatuba, é um modelo de criador predominante na região. Seu criatório é formado por gado da raça mestiço de holandês para a produção de leite. Ele trabalha com a família e, quando há necessidade, contrata mão-de-obra terceirizada na região.
Seguindo as orientações da Emater, que o acompanha levando as tecnologias e o manejo adequado para a boa produção de leite, José Martins cria vinte e duas vacas e um reprodutor, sendo que no momento apenas oito vacas estão com novas crias. São feitas duas ordenhas diárias.
Afora o leite comercializado com o governo e a indústria de laticínio, o criador também trabalha com o fabrico de queijo de coalho e manteiga, num sistema de produção que é seguido por outros da região. Para inovar, José Martins passou a preparar queijo com condimentos, dando um sabor diferenciado, com o quilo sendo vendido a R$ 12,00.
O criador tem preocupação com a preservação ambiental, mantém uma reserva legal e faz plantio com algaroba para utilizar na construção de cerca dos currais. Para manter a ração dos animais mesmo em período de longas estiagens, faz armazenamentos em silos trincheiras. Exemplo seguido pelos seus dois vizinhos, Severino Rodrigues da Costa, da Fazenda Boa Sorte, e José Serapião, da Fazenda Jaty.
Associação – O coordenador regional da Emater Paraíba em Itabaiana, Paulo Emilio e o médico veterinário Jocemar Vieira acompanham os trabalhos dos criadores. No caso de Itatuba, tudo é acompanho pelo o extenionista rural do escritório local, Geogles Dantas Rocha.
Os criadores fundaram a Associação de Produtores de Leite de Itatuba, com 42 associados, dos quais 36 estão inseridos ao Programa do Leite da Paraíba. A média de produção mensal local é de 200 mil litros de leite.
Parte da produção é vendida à fábrica Natural Gurt, do município de Pilar. O leite é armazenado em um tanque de resfriamento e recolhido pela indústria de beneficiamento a cada dois dias. Outra indústria, com sede em Campina Grande, também compra o excedente, de modo que existe mercado garantido, o que leva todos a acreditar nessa atividade.
Como a aquisição do leite pelo Governo, mesmo com a garantia do preço, o criadores lutam para obter uma cota maior, tendo em vista que, participando do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e com a assistência técnica da Emater, melhorou a qualidade das matrizes bovinas, aumentando assim a quantidade de leite produzido por dia. “O excedente da produção acaba sendo comercializado para o mercado aberto, a um preço inferior ao pago hoje pelo programa do governo”, disse José Martins.
Produção de queijo – Uma alternativa adotada pelos produtores leiteiros de Itatuba para comercializar a produção excedente é a fabricação artesanal de queijo de coalho, qualificado como um dos melhores da região (segue orientação da Emater para boas práticas de higiene). O município produz uma média diária de 250 quilos de queijo, que são comercializados nas cidades da região, Campina Grande, João Pessoa e no estado de Pernambuco.
Outro tipo de queijo bastante apreciado pelo mercado é o queijo de coalho mesclado com diversos temperos, condimentos e ingredientes como carne de sol desfiada, carne de charque picada, calabresa, presunto e verduras. Esse tipo de queijo chega a ser vendido a R$ 13,00, o quilo.
Os extensionistas da Emater acompanham o processo de fabricação, no qual se adiciona, ao leite in natura, cerca de sete mililitros de coalho para dez litros de leite. Depois de cinco a dez minutos, estará formada a coalhada, que é prensada para separar a massa do soro. Em seguida, a massa é coada, salgada e colocada na prensa para liberar o restante do soro e dar forma ao queijo. Todo o processo, segundo o engenheiro agrônomo Geogles Dantas Rocha, demora uma hora.
Existem criadores, como é o caso de Lucinaldo Alves da Silva, da comunidade Jurema, que não utilizam a prensa para acelerar a liberação do soro da coalhada, mas fazem o processo lentamente, com o uso de sal grosso na superfície.
Da Redação com Secom-PB