Os dois filhos adolescentes de Flávia Vieira de Oliveira, 41, estranharam a ausência da mãe, que costumava visitá-los todos os dias.
Na tarde de ontem, depois de seis dias de procura, os parentes encontraram o corpo da doméstica, já em estado de decomposição, em uma cova rasa dentro de um dos cômodos da casa de número 1.985, situada na Rua Pereira Filgueiras, Aldeota, onde ela dormia com o companheiro, Jorge Luiz dos Santos Menezes, 39.
Segundo a Polícia, o homem, conhecido como ´Jorge Negão´, e natural do Rio Grande do Sul, é o principal suspeito de ter matado Flávia a golpes de tonfa (cassetete). Depois de praticar o crime, ele teria cavado a cova rasa num dos quartos da casa, enrolado o corpo em um lençol, e jogado no buraco.
Em seguida, cobriu o cadáver com areia e livros para evitar a exalação do mau cheiro.
Campo do América
A doméstica morava com a mãe, os dois filhos, de 12 e 14 anos, e um sobrinho na comunidade do Campo do América, na Aldeota, a poucos metros da residência onde o corpo foi encontrado.
Segundo parentes, Flávia foi contratada pelos donos do imóvel onde foi morta para dormir no local e evitar furtos.
Há cerca de um ano, ela iniciou um relacionamento com Jorge Luiz, recém-chegado no bairro. Os dois passaram a dormir na residência, mas segundo os parentes, todos os dias a doméstica ia na casa da mãe para ver os dois filhos. Contudo, desde o último sábado, Flávia não apareceu ali.
Estranhando a falta de notícias, a mãe, os filhos, irmãos e o sobrinho de Flávia procuraram o companheiro dela na casa onde os dois dormiam. “Ele dizia que ela estava trabalhando em outra residência. Depois disse que tinha viajado”, contou a cunhada Silvia Aquino.
Sem acreditar na versão de Jorge Luiz, os parentes continuaram a insistir por notícias. Ontem pela manhã, eles foram até a residência, na Rua Pereira Filgueiras, e ameaçaram chamar a Polícia se Jorge não informasse onde Flávia estava.
Ele manteve a mesma versão para o sumiço. No começo da tarde, o sobrinho e o irmão da doméstica voltaram ao local depois de conseguir as chaves do imóvel. Quando retornaram, Jorge Luiz já havia fugido.
Corpo
Depois de procurar em todos os cômodos, a apreensão dos familiares aumentou ao sentirem um forte odor exalando do último quarto da casa. Suspeitando de que se tratava do corpo de Flávia embaixo da pilha de entulhos e areia, os parentes ligaram para a Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops).
Patrulhas do Ronda do Quarteirão foram acionadas e, ao verificar a suspeita de um achado de cadáver, acionaram a Perícia Forense.
Depois de quase três horas de agonia dos parentes, veio a confirmação. Flávia se tornou a mulher de número 175 assassinada neste ano no Estado.
De acordo com a perita Sônia Silva, o corpo apresentava “um afundamento no lado direito da cabeça”. A lesão, é compatível com uma pancada que pode ter sido desferida com uma tonfa encontrada no local.
Balanço
175 mulheres foram mortas, neste ano, no Ceará. A maioria dos assassinatos teve motivo passional ou ligação com o tráfico de entorpecentes.
F - Diário do Nordeste