Inquérito policial relatado em versos pelo delegado Reinaldo Lobo, da 29a Delegacia do Riacho Fundo, no Distrito Federal, foi devolvido pela Corregedoria Geral da Polícia Civil do DF para receber novo relatório final, sob alegação de atecnia.
“Manifesto a tristeza de ter um relatório final de um Inquérito Policial devolvido pela corregedoria porque fora feito em versos. Controle prévio é censura. Autonomia funcional implica autonomia intelectual”, protestou o delegado.
Segue o relatório do delegado-poeta que, segundo ele, narrou todo o importante do caso concreto:
Inquérito Policial n.º 274/2011 – 29ª DP
Autor: Fabiano Alves dos Santos Vítima: Reginaldo Chagas da Silva Incidência: art. 180, caput, do Código Penal
R E L A T Ó R I O
Já era quase madrugada Neste querido Riacho Fundo Cidade muito amada Que arranca elogios de todo mundo
O plantão estava tranqüilo Até que de longe se escuta um zunido E todos passam a esperar A chegada da Polícia Militar
Logo surge a viatura Desce um policial fardado Que sem nenhuma frescura Traz preso um sujeito folgado
Procura pela Autoridade Narra a ele a sua verdade Que o prendeu sem piedade Pois sem nenhuma autorização Pelas ruas ermas todo tranquilão Estava em uma motocicleta com restrição
A Autoridade desconfiada Já iniciou o seu sermão Mostrou ao preso a papelada Que a sua ficha era do cão Ia checar sua situação
O preso pediu desculpa Disse que não tinha culpa Pois só estava na garupa
Foi checada a situação Ele é mesmo sem noção Estava preso na domiciliar Não conseguiu mais se explicar A motocicleta era roubada A sua boa fé era furada
Se na garupa ou no volante Sei que fiz esse flagrante Desse cara petulante Que no crime não é estreante
Foi lavrado o flagrante Pelo crime de receptação Pois só com a polícia atuante Protegeremos a população
A fiança foi fixada E claro não foi paga E enquanto não vier a cutucada Manteremos assim preso qualquer pessoa má afamada
Já hoje aqui esteve pra testemunhá A vítima, meu quase chará Cuja felicidade do seu gargalho Nos fez compensar todo o trabalho
As diligências foram concluídas O inquérito me vem pra relatar Mas como nesta satélite acabamos de chegar E não trouxemos os modelos pra usar Resta-nos apenas inovar
Resolvi fazê-lo em poesia Pois carrego no peito a magia De quem ama a fantasia De lutar pela Paz ou contra qualquer covardia
Assim seguimos em mais um plantão Esperando a próxima situação De terno, distintivo, pistola e caneta na mão No cumprimento da fé de nossa missão
Riacho Fundo, 26 de Julho de 2011
Del REINALDO LOBO
“Manifesto a tristeza de ter um relatório final de um Inquérito Policial devolvido pela corregedoria porque fora feito em versos. Controle prévio é censura. Autonomia funcional implica autonomia intelectual”, protestou o delegado.
Segue o relatório do delegado-poeta que, segundo ele, narrou todo o importante do caso concreto:
Inquérito Policial n.º 274/2011 – 29ª DP
Autor: Fabiano Alves dos Santos Vítima: Reginaldo Chagas da Silva Incidência: art. 180, caput, do Código Penal
R E L A T Ó R I O
Já era quase madrugada Neste querido Riacho Fundo Cidade muito amada Que arranca elogios de todo mundo
O plantão estava tranqüilo Até que de longe se escuta um zunido E todos passam a esperar A chegada da Polícia Militar
Logo surge a viatura Desce um policial fardado Que sem nenhuma frescura Traz preso um sujeito folgado
Procura pela Autoridade Narra a ele a sua verdade Que o prendeu sem piedade Pois sem nenhuma autorização Pelas ruas ermas todo tranquilão Estava em uma motocicleta com restrição
A Autoridade desconfiada Já iniciou o seu sermão Mostrou ao preso a papelada Que a sua ficha era do cão Ia checar sua situação
O preso pediu desculpa Disse que não tinha culpa Pois só estava na garupa
Foi checada a situação Ele é mesmo sem noção Estava preso na domiciliar Não conseguiu mais se explicar A motocicleta era roubada A sua boa fé era furada
Se na garupa ou no volante Sei que fiz esse flagrante Desse cara petulante Que no crime não é estreante
Foi lavrado o flagrante Pelo crime de receptação Pois só com a polícia atuante Protegeremos a população
A fiança foi fixada E claro não foi paga E enquanto não vier a cutucada Manteremos assim preso qualquer pessoa má afamada
Já hoje aqui esteve pra testemunhá A vítima, meu quase chará Cuja felicidade do seu gargalho Nos fez compensar todo o trabalho
As diligências foram concluídas O inquérito me vem pra relatar Mas como nesta satélite acabamos de chegar E não trouxemos os modelos pra usar Resta-nos apenas inovar
Resolvi fazê-lo em poesia Pois carrego no peito a magia De quem ama a fantasia De lutar pela Paz ou contra qualquer covardia
Assim seguimos em mais um plantão Esperando a próxima situação De terno, distintivo, pistola e caneta na mão No cumprimento da fé de nossa missão
Riacho Fundo, 26 de Julho de 2011
Del REINALDO LOBO
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