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quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Polícia enfrenta manifestantes contrários à ONU no Haiti



Soldados uruguaios são acusados de violentar sexualmente um haitiano.
Acusação motivou protesto, que também fez críticas ao comando brasileiro.

Da Reuters
Protesto teve pneus queimados em via de Porto Príncipe nesta quarta (14) (Foto: AFP)Protesto teve pneus queimados em via de Porto
Príncipe nesta quarta (14) (Foto: AFP)
Policiais haitianos usaram gás lacrimogêneo em um confronto nesta quarta-feira (14) com manifestantes que exigiam a retirada das tropas da ONU do país, depois de soldados uruguaios serem acusados de violentar sexualmente um homem.
O incidente ocorreu quando cerca de 300 pessoas tentavam chegar a uma praça em frente às ruínas do palácio presidencial de Porto Príncipe, que ainda abriga sobreviventes do terremoto de 2010 acampados sob barracas e lonas.
Transeuntes e moradores do local, muitos deles segurando crianças pequenas, fugiram do gás lacrimogêneo, e alguns manifestantes atiraram pedras nos policiais.
A Minustah (missão da ONU no Haiti que é comandada por tropas brasileiras) é alvo de protestos desde que veio à tona, no começo do mês, um vídeo gravado por celular em que fuzileiros navais uruguaios são vistos rindo ao afundarem o rosto de um rapaz num colchão e aparentemente cometem abusos sexuais.
Brasil e Chile são mencionados em cartaz de um manifestante, que indica que os dois paises equivalem à 'ocupação' (Foto: AFP)Brasil e Chile são mencionados em cartaz de um manifestante, que indica que os dois paises equivalem à 'ocupação' (Foto: AFP)
Quatro militares uruguaios foram detidos pelo incidente, ocorrido em 28 de julho, e serão submetidos a uma corte marcial. A suposta vítima, Johnny Jean, disse em depoimento a um juiz haitiano que foi violentado.
Aos gritos de "fora Minustah" e "estupradores", os manifestantes fizeram uma passeata pelas ruas da devastada capital. Alguns levavam cartazes chamando a força de paz da ONU de "força de ocupação".
A polícia interveio para impedir que o grupo chegasse à praça do Champs de Mars, onde o governo proibiu manifestações.
A Minustah abriu inquérito sobre o incidente de julho, prometendo determinar se a violência sexual realmente aconteceu. O Uruguai já pediu desculpas formais ao Haiti e qualificou de "aberração" a conduta dos acusados.
A missão da ONU já havia ficado malvista no Haiti por causa da suspeita de que soldados nepaleses introduziram uma epidemia de cólera no país, o que motivou distúrbios contra as forças estrangeiras no ano passado.
"Justiça para Johnny, justiça para todas as vítimas de estupro pela Minustah, justiça e indenização para todos os haitianos que são vítimas da epidemia de cólera trazida pela Minustah", pediu o manifestante Simon Mourin, de 30 anos, falando à Reuters. "Eles precisam ir embora, ou entraremos em guerra com eles."
Comando brasileiro
A Minustah foi criada em 2004, sob comando do Brasil, para ajudar a estabilizar o país, assolado por repetidas crises políticas. Seu contingente teve um papel importante nas tarefas humanitárias depois do terremoto do ano passado, que matou até 300 mil pessoas.
O chefe civil chileno da missão disse que irá pedir ao Conselho de Segurança da ONU que autorize uma redução gradual do contingente estrangeiro no país.

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