Integrante da velha guarda do rádio paraibano, Antonio Malvino, sertanejo de Sousa, sem papas na língua, diz que o rádio paraibano está repleto de “cuspidores de microfones” e que os verdadeiros profissionais já não conseguem trabalhar, “porque são atropelados por vigaristas, chantagistas e extorquidores”. Segundo Malvino, “a culpa é desse sindicato medíocre que temos aí”. Na opinião de Malvino, esses programas de debates tão comuns na radiofonia da Paraíba estão saturados e com os dias contados. Parceiro do Tião Bonitão em quatro livros sobre o folclore político paraibano, Malvino é um egresso da zona rural que deu certo na comunicação.
Confira a Entrevista concedida ao Blog do Tião e reproduzida pelo Expresso PB.
1 – Você, que vem de longa jornada, desde os tempos da velha Antena Política, como conceitua o rádio daquele tempo e o rádio de hoje?
Tião, o rádio de hoje é muito diferente dos velhos tempos. Naquela época, se tinha mais ética, mais pudor, o partidarismo não era afrontoso como nos dias atuais, a notícia tinha dois lados e os profissionais eram mais competentes e preparados.
Tião, o rádio de hoje é muito diferente dos velhos tempos. Naquela época, se tinha mais ética, mais pudor, o partidarismo não era afrontoso como nos dias atuais, a notícia tinha dois lados e os profissionais eram mais competentes e preparados.
2 – Como você vê essa enxurrada de “radialistas\’ que invadiu a radiofonia paraibana nos últimos tempos?
Uma vergonha. Hoje, todo mundo é radialista, culpa desse sindicato medíocre que temos aí. Os verdadeiros profissionais já não conseguem trabalhar, porque são atropelados por vigaristas, chantagistas e extorquidores. Qualquer cuspidor de microfone pode comprar um horário no rádio, qualquer falso profissional pode montar um blog ou um portal e sair por aí com um gravador e uma máquina fotográfica à cata de dinheiro dos políticos e outros agentes. A profissão virou um mercado persa.
3 – Esses programas de debates, que Luiz Otávio inventou, ainda têm vida longa ou já estão saturando?
Acredito que estão com seus dias contados. Eles, realmente, estão saturados. Na maioria dos casos, estão servindo para atender a interesses políticos de grupos e, às vezes, comandados por profissionais desqualificados. O que há de programa de debate nas emissoras de rádio e TV não é brincadeira, quase todos do mesmo estilo. Hoje, pelo jeito, há mais programas disponíveis no mercado radiofônico do que entrevistados.
4 – Radialista na política dá certo?
Não dá. E os casos estão aí à vista de todos. Os poucos radialistas que conseguiram êxito nas urnas não passaram de um mandato. Foi o que aconteceu, por exemplo, com Enoque Pelágio e Cardivando de Oliveira. O restante só conseguiu uma suplência de deputado ou vereador.
5 – Qual o retrato que você faz da imprensa hoje?
Levada a sério, a imprensa é uma das maiores armas de que dispõe a democracia. Sem ela, as injustiças não seriam denunciadas, os crimes acobertados, principalmente de colarinho branco, não viriam à público e as demandas populares não teriam eco junto aos poderes e instituições.
Levada a sério, a imprensa é uma das maiores armas de que dispõe a democracia. Sem ela, as injustiças não seriam denunciadas, os crimes acobertados, principalmente de colarinho branco, não viriam à público e as demandas populares não teriam eco junto aos poderes e instituições.
6 – Você ainda resiste com seu programa na Arapuan nos moldes de antigamente, com a notícia redigida por você mesmo e as matérias devidamente produzidas. Isso faz a diferença comparando-se com outros programas onde o apresentador apenas ler a internet?
Faz muita diferença, porque lá eu trato a notícia como ela é, lá ela tem duas versões e não tomo partido político de quem quer que seja. Por isso, o programa é respeitado e líder de audiência no horário.
7 – Antigamente tínhamos Otinaldo, Silvio Carlos, Zé Octávio, Paulo Rozendo, Geraldo Cavalcante, Antonio Malvino, Ivan Bezerra, Ivan de Oliveira… Hoje temos gente parecida com esse time?
Modéstia à parte, não tem não. Nos últimos anos, foram poucos os bons profissionais surgidos no meio radiofônico. Aqui e acolá, aparece um fenômeno que cai na graça do povão, mas, nem sempre, tem a qualidade que se exige. Há carência de gente qualificada no nosso meio.
Modéstia à parte, não tem não. Nos últimos anos, foram poucos os bons profissionais surgidos no meio radiofônico. Aqui e acolá, aparece um fenômeno que cai na graça do povão, mas, nem sempre, tem a qualidade que se exige. Há carência de gente qualificada no nosso meio.
8 – Os radialistas estão tomando partido de esquemas políticos. Isso é bom ou ruim?
É muito ruim, porque o profissional fica sem isenção, sem credibilidade.
9 – Você também é escritor. Fizemos quatro parcerias com o folclore político. Esse tema parece que anda meio sem graça hoje em dia. Concorda?
Concordo. Antigamente, o folclore era mais abundante. Hoje, a maioria dos políticos está sem graça.
10 – Quem é e de onde veio Antonio Malvino?
Veio do sertão, da zona rural do Municipio de Sousa, de uma humilde família de agricultores que lutou mundo para chegar até onde chegou, que estudou em colégio público, freqüentou seminário e, por pouco, não foi parar em São Paulo para ser cobrador de ônibus, fugindo da seca, e que chegou ao rádio por acaso. Malvino – é um profissional que zela pela ética, bons costumes, que é apaixonado pela família, pelas comidas sertanejas e por um bom lazer, que odeia a ingratidão e é amigo dos amigos.
Veio do sertão, da zona rural do Municipio de Sousa, de uma humilde família de agricultores que lutou mundo para chegar até onde chegou, que estudou em colégio público, freqüentou seminário e, por pouco, não foi parar em São Paulo para ser cobrador de ônibus, fugindo da seca, e que chegou ao rádio por acaso. Malvino – é um profissional que zela pela ética, bons costumes, que é apaixonado pela família, pelas comidas sertanejas e por um bom lazer, que odeia a ingratidão e é amigo dos amigos.
11 – Começou no rádio onde e com quantos anos?
Comecei no rádio com 19 anos na Difusora Rádio Cajazeiras em 1973, depois de passar pelos serviços de alto falantes de minha cidade. Devo muito do meu aprendizado à primeira emissora em que trabalhei. Foi uma verdadeira escola, pois lá se formaram grandes profissionais.
Comecei no rádio com 19 anos na Difusora Rádio Cajazeiras em 1973, depois de passar pelos serviços de alto falantes de minha cidade. Devo muito do meu aprendizado à primeira emissora em que trabalhei. Foi uma verdadeira escola, pois lá se formaram grandes profissionais.
12 – Se fosse começar tudo hoje, seria radialista outra vez?
Seria, porque me realizei na profissão. Tudo o que tenho devo ao rádio.
13 – Fale o que lhe der na telha
Tião, não tenho mais nada a acrescentar. Só agradecer pela oportunidade e a Deus por estar me dando saúde para trabalhar, sustentar a família e atuar em favor dos que não têm vez, nem voz.
Da redação do Blog com Blog do Tião Lucena
Nenhum comentário:
Postar um comentário